TRANSFORMAÇÕES NA INDÚSTRIA SUCROALCOOLEIRA BRASILEIRA NO INÍCIO DO SÉCULO XXI: DAS FAMÍLIAS AOS ACIONISTAS

Martin Mundo Neto

Resumo:

Nos últimos anos, um número expressivo de empresas ingressou no mercado de capitais brasileiro. Este movimento seria desdobramento de mudanças institucionais que ocorreram no Brasil, durante a última década do século XX, sobretudo o processo de privatização de grandes empresas estatais, a nova lei das Sociedades Anônimas e o Novo Mercado da Bolsa de Valores do Estado de São Paulo – Bovespa. Concomitantemente, a indústria sucroalcooleira brasileira tem passado por transformações. Se até a década de 1990 a hegemonia era de grupos nacionais, sob controle de famílias tradicionais, a intensificação das operações de fusões e aquisições, com participação significativa de investidores internacionais, tem modificado este espaço. Os dados empíricos indicam concentração de capital na indústria, notadamente por meio de fusões e aquisições, e a reestruturação dos negócios, ancorada na idéia de empresa de acionistas e da governança corporativa. Este processo pode ser entendido como parte do processo de financeirização que estaria se difundindo na sociedade brasileira. Destaca-se a participação de representantes da indústria de capital de risco, notadamente a BNDES Participações, subsidiária do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que tem atuado na difusão de uma nova concepção de controle para a indústria brasileira em geral. Entre os principais grupos sucroalcooleiros, houve um crescimento expressivo de investidores internacionais e também de grandes grupos econômicos nacionais que ainda não operavam na indústria.

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